Até a década de 40 não se admitia o fato de crianças tornarem-se depressivas. Elas eram vistas como adultos em miniatura que não passavam por problemas nem conflitos. Com o passar dos tempos, esta concepção evoluiu e a criança passou a ser vista como um ser em desenvolvimento que apresenta conflitos internos e externos, bem como necessidades e anseios, tanto quanto um adulto. Estes conflitos, necessidades e anseios, se mal resolvidos, podem causar aiguma sequela negativa na formação da criança, como também podem desencadear outros processos que levem à depressão.
O reconhecimento da existência do estado depressivo em crianças levou tempo considerável e isso só foi possível a partir das décadas de 40 e 50, com muitos psicanalistas, como Abraham, que descreve uma forma de depressão pré-edipiana; Fenichel, que sugere a possibilidade da existência de alterações de comportamento no primeiro ano de vida, e outros que denominam de depressão analíctica um conjunto de características que surgem em crianças separadas da mãe no primeiro ano de vida.
Estes e outros psicanalistas podem ser considerados os precursores de estudos sobre a depressão infantil. Percebe-se que os nomes dados por eles a esta doença que hoje afeta muitas crianças foram outros, mas o importante é que, por meio de autores como eles, o assunto Depressão Infantil aflorou no ramo da psicanálise.
Foi a partir da década de 70, com o desenvolvimento da medicina, mais especificamente da psiquiatria infantil, que passou a ser atribuída impotância às incidências de depressão em crianças, pois, até então, era pouco ou nada conhecida.
Depressão em diferentes momentos
Marcelli caracteriza a depressão em função da idade: a depressão do bebê e da criança bem pequena (até 24 - 30 meses), a depressão da criança pequena (de 3 a 5/6 anos) e a depressão na adolescência (12 aos 16 anos).
A separação da mãe, a mudança da imagem materna, de condições de vida, a carência afetiva, a mãe depressiva e a carência alimentar são fatores que podem desencadear o sofrimento e, conseqüentemente, a depressão em um bebê. Os principais sintomas da depressão são o olhar apagado, o bebê não brinca com as mãos e com mordedores, haver ausência de balbucio e de curiosidade exploratória. A expressão lingüística e a motora sofrem perturbações, atrasando o processo de desenvolvimento.
A depressão da criança pequena é desencadeada geralmente por uma separação ou por uma perda brutal. A criança passa a apresentar comportamento de isolamento, retraimento, calma excessiva que pode ser interrompida por ações agressivas de fuga. Nesta idade, a criança depressiva evita brincar com outras crianças, apresenta alterações no sono e no apetite. Marcelli considera brutal a colocação de uma criança pequena depressiva em classe escolar, por que ela não suporta a inserção no grupo. Já a depressão do adolescente, freqüentemente, é relacionado aos remanejos psicoafetivos característicos desta faixa etária.
A depressão envolve um conjunto de sintomas que levam a criança à angústia e ao sofrimento. Estes sintoma podem ser confundidos com birra, falta de educação ou mimo. São citados, nas bibliografias consultadas, alguns sintomas como: dificuldades em se afastar da mãe, angústias, tristezas, crises de choro, medo, pessimismo, agressividade, mudança de apetite,e do sono, isolamento social, falta de atenção, agitação excessiva ou hiperatividade, irritabilidade, baixo auto-estima, sentimento de inferioridade, fala de morte ou suicídio, baixo rendimento escolar e dores no corpo.
