domingo, 22 de março de 2009

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO


IDENTIFICANDO O NOSSO ALUNO:

Tem havido numerosas tentativas no sentido de se definir a deficiência mental. Muitas áreas entre elas a Psicologia, a Medicina, o Serviço Social e a Educação - vêm se preocupando com crianças e adultos deficientes mentais, e cada uma delas faz a sua análise a partir de seus próprios referenciais teóricos. Como a ciência não é parada, as definiçôes não são estáticas, e tendem a ser modificadas e aperfeiçoadas, na medida em que mais experiências e evidências se tornam possíveis.
Em tentativas recentes de se definir a deficiência mental, a ênfase mudou significativamente de uma condição que existe somente no indivíduo, para uma que apresenta uma interação do mesmo com um ambiente em particular. A deficiência mental, atualmente adotada, foi proposta pela Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) e consta na Política Nacional de Educação Especial do Ministério de Educação e Cultura (BRASIL, 1994b), a saber:
funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de
desenvolvimento, concomitantemente com limitações associadas a duas ou mais áreas da
conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente as demandas
da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais,
desempenho na família e comunidade, independência de locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.

A Secretaria de Educação Especial do Ministério de Educação (MEC) adota esta definição para efeito de doagnóstico e caracterização dos portadores de deficiência mental. Ou seja, considera como portador de deficiência mental, aquela cujo escore de inteligência seja inferior aos obtidos por 97 a 98%
das pessoas de mesma idade, que não satisfaça padrôes de independência e responsabilidade esperados do grupo etário e cultura (isto é, aprenda habilidade acadêmica básicas e participe de atividades apropriadas ao grupo social).

A idade de início da deficiência deverá situar-se antes dos dezoito (l8) anos ou seja, aparecer durante o curso de seu desenvolvimento. Problemas de natureza semelhante, em adultos seriam provavelmente classificados como doença mental e não deficiência mental.
Nenhuma definição, porr mais abrangente que seja, tem grande valor, a menos que seua conceitos abstratos possam ser traduzidos em alguna forma prática.
Tradicionalmente, a dimensão de subnormalidade intelictual é determinada pelo desempenho nos testes de inteligência.
As crianças deficientes mentais são acentuadamente mais lentas do que seus companheiros da mecma idade para usar a memória com eficácia, associar e classificar informações, raciocinar e fazer julgamentos adequados.

Os alunos cujos escores caem entre um Q.I. de 85 e um Q.I. de 70, são frequëntemente chamados de subnormais, intelectualmente limítrofes. Geralmente, encontra-se no limite inferior de uma classe
típica, mas são capazes de um desempenho médio, se receberem um programa educacional adequedo.
Os alunos cujos escores caem entre um Q.I. de 55 e um Q.I. de 70 são chamados deficientes mentais educáveis, se a adaptação social também for baixa. Alunos cujos escores caem num Q.I. de 55, mas que são capazes de responder os testes, são considerados deficientes mentais treináveis.

O TRABALHO PEDAGÓGICO:

Os primeiros anos de vida são muito importante para que a criança possa satisfazer suas necessidades de afeto e de aceitação, assim como de realização e de auto-estima por serem decisivos na determinação dos ajustamentos posteriores. Essa necessidade básica para todos os indivídios, torna-se mais forte em se rtatando de criança que apresente qualquer deficiência, a fim de torná-lo mais seguroe confiante para estabelecer a relação com o mundo. A escola deve trabalhar junto com a família, para que, numa troca mútua possam oferecer a adequação das atividades necessidades ao desenvolvimento da criança. É importante que a criança sinta-se também segura na escola cabendo ao professor uma postura de orientador da atividade a ser desenvolvida.

Muitos estudiosos têm demonstrado que as crianças e adolescentes com retardo mental são capazes de construir seu próprio conhecimento, embora não consigam atingir o estágio hipotético dedutível da inteligência. São capazes de avançar até o estágio operatório concreto.

A importãncia do papel do professor é fundamental para que se estabeleça a confiança e a auto-estima
que o levará a desenvolver a proposta de ensino com satisfação.

As propostas de trabalho devem representar um desafio ao seu pensamento, com o objetivo de proporcionar o alcance da autonomia moral, social e intelectual.
As atividades devem favorecer a estruturação ou coordenação das próprias ações dos alunos, considerando que são capazes de criar, de descobrir e de reinventar o conhecimento a partir de uma inter-relação com o meio. Será preciso, ainda envolvê-lo pessoalmente na atividade que poderá ser individual, coletiva ou em grupo, de acordo com a que melhor oportunizar a troca de pontos de vista, já que também estará sendo trabalhada a cooperação entre eles.

Um trabalho educacional com crianças portadoras de deficiência mental deve privilegiar atividades espontâneas que permitirão ao professor observar os processos que o leveram a conhstruir suas respostas. É mais importante entender como ela aprende, como elabora seu pensamento, do que com o resultado da resposta, ou seja, se responde corretamente ou não.

Finalizando nossa conversa de hoje, devemos nos lembrar do que Paulo Freire nos ensinou: "o caminho para construção do conhecimento, de certo, não pode ser trilhado por um viajante solitário, portanto, o professor e seus alunos devem caminhar juntos nesta estrada."

Este texto foi fornecido pelo professor Gustavo Montiel, para seus alunos do curso de qualificação em Educação Especial.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO

TRABALHANDO COM O ALUNO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA MENTAL:

A Educação Especial é uma modalidade de ensino destinada às pessoas portadoras de deficiência, de condutas típicas e de altas habilidades, considerada pela Constituição Brasileira parte inseparável do direito à educação.
É conceituada como processo de desenvolvimento global das potencialidades de pessoas portadoras de deficiência, condutas típicas ou de altas habilidades, abrangendo os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos, compatíveis com as necessidades do seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino, e sua tarefa prioritária é ampliar os níveis de competências técnicas, eliminando o preconceito que atinge o seu alunado.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b), "são considerados alunos portadores de necessidades educativas especiais aqueles que, por apresentarem necessidades próprias e diferentes dos demais alunos, requerem recursos pedagógicos e metodológicos educacionais especiais."
Dentro destes entendimentos, vamos abordar, na aula de hoje, quem é o aluno portador de deficiência mental e os procedimentos favoráveis ao seu desempenho escolar.

domingo, 15 de março de 2009

Espíritos Evoluídos

Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes, todos com deficiência mental, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos. Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar.

Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então viraram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: - Pronto, agora vai sarar!

E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos.

Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas com certeza, não eram deficientes espirituais...

"Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida, mais do que ganhar sozinho, é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir os nossos passos."

Autor desconhecido

INFOesp

O Programa InfoEsp - "Informática, Educação e Necessidades Especiais" - do Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD), unidade das Obras Sociais Irmã Dulce, tem como missão promover, utilizando os recursos de um ambiente computacional e telemático, o desenvolvimento das potencialidades cognitivas de alunos com necessidades educacionais especiais, entendidos como sujeitos do seu processo de aprendizagem e construção de seus conhecimentos. E, por meio de sua inclusão sócio-digital, torná-los mais autônomos no equacionamento e solução dos próprios problemas, capacitando-os a uma melhor interação com as pessoas e com seu meio, além de, para os alunos dos cursos técnicos oferecidos, prepará-los para um trabalho efetivo.

Hoje são oferecidos três tipos de atividades:

a) Trabalho educacional com a informática aplicada á educação, cujo objetivo é trabalhar o desenvolvimento cognitivo dos alunos, principalmente crianças e adolescentes, a partir dos 8 anos de idade, utilizando os recursos do ambiente computacional e telemático, e disponibilizando a Tecnologia Assistiva necessária para isso.

b) Curso de Informática Básica: com duração de 80 horas, em ambiente acessível e adaptado, para pessoas com deficiência a partir dos 16 anos de idade, com o Ensino Fundamental, disponibilizando a Tecnologia Assistiva e as metodologias necessárias, visando o aprendizado das informações e procedimentos básicos relativos ao Sistema Operacional, Edição de Texto e utilização da Internet, conhecimentos relevantes para a busca de um espaço no mercado de trabalho.

c) Curso de Montagem e Manutenção de Computadores: com duração de 64 horas, em ambiente acessível e adaptado, para pessoas com deficiência a partir dos 16 anos de idade, que estejam cursando ou tenham concluído o Ensino Médio, disponibilizando a Tecnologia Assistiva e as metodologias necessárias.

HISTÓRICO

No início, em 1994

O Programa InfoEsp - "Informática, Educação e Necessidades Especiais" do Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD), unidade das Obras Sociais Irmã Dulce, foi implantado em outubro de 1993 em Salvador-Bahia, atendendo, inicialmente, somente a alunos residentes no CRPD.

Primeiro do gênero no Estado da Bahia, a partir de março de 1995 o Programa recebeu o seu primeiro Laboratório de Informática completo (10 computadores 486, alguns com multimídia, equipamento de última geração na época), por meio de convênio com a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, CORDE, na época, orgão do Ministério da Justiça.

O funcionamento desse Laboratório propiciou, além do aumento no número de alunos matriculados, estendendo esses atendimentos também a alunos da comunidade, um incremento significativo no processo de capacitação permanente e especializado da equipe, com três técnicos sendo envolvidos de maneira estável no Programa. Eventualmente e por períodos de tempo pré-definidos, essa equipe é ampliada com a participação de estagiários de diferentes cursos superiores.

Seis anos depois, em setembro de 2001, foi feita a atualização desses equipamentos já defasados, com a chegada de novos computadores e softwares (13 computadores, webcam, impressoras, scanner, máquina fotográfica digital e novos softwares), divididos em dois Laboratórios, através de convênio com o PROINESP (Projeto de Informática na Educação Especial) da Secretaria de Educação Especial do MEC, assim como a participação da equipe em cursos de aperfeiçoamento.

Em maio de 2005, a partir de um convênio com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Estado da Bahia, foi inaugurado o Projeto de Atualização e Ampliação do Programa InfoEsp, com a chegada de 12 novos computadores e a construção de um novo Laboratório de Informática, o terceiro em funcionamento. Esse convênio, junto com a contratação de um quarto profissional para compor a equipe de trabalho, possibilitou a diversificação dos serviços prestados pelo Programa, que passou a atender a uma outra forte demanda existente, ou seja, o oferecimento de cursos técnicos de informática, em ambiente acessível e adaptado com a Tecnologia Assistiva e as metodologias necessárias, principalmente para pessoas com diferentes graus de comprometimento motor ou sensorial, possibilitando a essas pessoas a aquisição dos conhecimentos em informática, tão necessários nos dias de hoje para a busca de um espaço no mercado de trabalho.

PROJETOS DE PESQUISA

'' Formar um projeto é dizer: ''EU''; é considerar-se como um ator que tem domínio sobre o mundo, que se reconhece como um forte, que possui direitos e competências para modificar o curso das coisas.''
( PHILIPPE PERRENOUD )

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL: sonho ou realidade ?

Aula com a professora Zeli Farardo- dia 7/03/2009

Por Elizabet Dias De Sá
Pós-graduada em Psicologia Educacional, trabalha na Secretaria Municipal de Direitos da Cidadania e exerce a presidência do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência de Belo-Horizonte-MG

O discurso acerca da inclusão de pessoas com deficiência na escola, no trabalho e nos espaços sociais em geral, tem-se propagado rapidamente entre educadores, familiares, líderes e dirigentes políticos, nas entidades, nos meios de comunicação, etc
Isto não quer dizer que a inserção de todos nos diversos setores da sociedade seja prática corrente ou uma realidade já dada. As políticas públicas de atenção a este segmento, geralmente, estão circunscritas ao tripé educação, saúde e assistência social, sendo que os demais aspectos costumam ser negligenciados.