FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO
IDENTIFICANDO O NOSSO ALUNO:
Tem havido numerosas tentativas no sentido de se definir a deficiência mental. Muitas áreas entre elas a Psicologia, a Medicina, o Serviço Social e a Educação - vêm se preocupando com crianças e adultos deficientes mentais, e cada uma delas faz a sua análise a partir de seus próprios referenciais teóricos. Como a ciência não é parada, as definiçôes não são estáticas, e tendem a ser modificadas e aperfeiçoadas, na medida em que mais experiências e evidências se tornam possíveis.
Em tentativas recentes de se definir a deficiência mental, a ênfase mudou significativamente de uma condição que existe somente no indivíduo, para uma que apresenta uma interação do mesmo com um ambiente em particular. A deficiência mental, atualmente adotada, foi proposta pela Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) e consta na Política Nacional de Educação Especial do Ministério de Educação e Cultura (BRASIL, 1994b), a saber:
funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de
desenvolvimento, concomitantemente com limitações associadas a duas ou mais áreas da
conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente as demandas
da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais,
desempenho na família e comunidade, independência de locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
A Secretaria de Educação Especial do Ministério de Educação (MEC) adota esta definição para efeito de doagnóstico e caracterização dos portadores de deficiência mental. Ou seja, considera como portador de deficiência mental, aquela cujo escore de inteligência seja inferior aos obtidos por 97 a 98%
das pessoas de mesma idade, que não satisfaça padrôes de independência e responsabilidade esperados do grupo etário e cultura (isto é, aprenda habilidade acadêmica básicas e participe de atividades apropriadas ao grupo social).
A idade de início da deficiência deverá situar-se antes dos dezoito (l8) anos ou seja, aparecer durante o curso de seu desenvolvimento. Problemas de natureza semelhante, em adultos seriam provavelmente classificados como doença mental e não deficiência mental.
Nenhuma definição, porr mais abrangente que seja, tem grande valor, a menos que seua conceitos abstratos possam ser traduzidos em alguna forma prática.
Tradicionalmente, a dimensão de subnormalidade intelictual é determinada pelo desempenho nos testes de inteligência.
As crianças deficientes mentais são acentuadamente mais lentas do que seus companheiros da mecma idade para usar a memória com eficácia, associar e classificar informações, raciocinar e fazer julgamentos adequados.
Os alunos cujos escores caem entre um Q.I. de 85 e um Q.I. de 70, são frequëntemente chamados de subnormais, intelectualmente limítrofes. Geralmente, encontra-se no limite inferior de uma classe
típica, mas são capazes de um desempenho médio, se receberem um programa educacional adequedo.
Os alunos cujos escores caem entre um Q.I. de 55 e um Q.I. de 70 são chamados deficientes mentais educáveis, se a adaptação social também for baixa. Alunos cujos escores caem num Q.I. de 55, mas que são capazes de responder os testes, são considerados deficientes mentais treináveis.
O TRABALHO PEDAGÓGICO:
Os primeiros anos de vida são muito importante para que a criança possa satisfazer suas necessidades de afeto e de aceitação, assim como de realização e de auto-estima por serem decisivos na determinação dos ajustamentos posteriores. Essa necessidade básica para todos os indivídios, torna-se mais forte em se rtatando de criança que apresente qualquer deficiência, a fim de torná-lo mais seguroe confiante para estabelecer a relação com o mundo. A escola deve trabalhar junto com a família, para que, numa troca mútua possam oferecer a adequação das atividades necessidades ao desenvolvimento da criança. É importante que a criança sinta-se também segura na escola cabendo ao professor uma postura de orientador da atividade a ser desenvolvida.
Muitos estudiosos têm demonstrado que as crianças e adolescentes com retardo mental são capazes de construir seu próprio conhecimento, embora não consigam atingir o estágio hipotético dedutível da inteligência. São capazes de avançar até o estágio operatório concreto.
A importãncia do papel do professor é fundamental para que se estabeleça a confiança e a auto-estima
que o levará a desenvolver a proposta de ensino com satisfação.
As propostas de trabalho devem representar um desafio ao seu pensamento, com o objetivo de proporcionar o alcance da autonomia moral, social e intelectual.
As atividades devem favorecer a estruturação ou coordenação das próprias ações dos alunos, considerando que são capazes de criar, de descobrir e de reinventar o conhecimento a partir de uma inter-relação com o meio. Será preciso, ainda envolvê-lo pessoalmente na atividade que poderá ser individual, coletiva ou em grupo, de acordo com a que melhor oportunizar a troca de pontos de vista, já que também estará sendo trabalhada a cooperação entre eles.
Um trabalho educacional com crianças portadoras de deficiência mental deve privilegiar atividades espontâneas que permitirão ao professor observar os processos que o leveram a conhstruir suas respostas. É mais importante entender como ela aprende, como elabora seu pensamento, do que com o resultado da resposta, ou seja, se responde corretamente ou não.
Finalizando nossa conversa de hoje, devemos nos lembrar do que Paulo Freire nos ensinou: "o caminho para construção do conhecimento, de certo, não pode ser trilhado por um viajante solitário, portanto, o professor e seus alunos devem caminhar juntos nesta estrada."
Este texto foi fornecido pelo professor Gustavo Montiel, para seus alunos do curso de qualificação em Educação Especial.
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